fevereiro de 2011
WAGNER CELESTINO: À VELHA GUARDA COM CARINHO
Nabor Jr.
Já disseram que São Paulo era o túmulo do samba. De certo, esqueceram que o samba agoniza, mas não morre. Essa imortalidade rítmica e sanguínea pulsa não somente nas letras e batuques das rodas de samba espalhadas pela cidade, mas também no miscigenado cotidiano paulistano, se entrelaçando na trajetória biográfica de pessoas que tem o ritmo como religião, doutrina e estilo de vida, quando não, como sentido para a vida.
E foi justamente a este último grupo que as lentes do fotógrafo paulistano Wagner Celestino, 59, se voltaram quando, em março de 2003, ele iniciou o audacioso projeto de registrar os remanescentes da Velha Guarda das Escolas de Samba da Cidade de São Paulo.
A visita à memória negra paulistana através das imagens dos seus sambistas pioneiros, protagonistas dos primeiros batuques dos cordões carnavalescos da cidade, recoloca esses baluartes como atores principais de um filme por eles criado, produzido e estrelado.
O resultado dessa imersão étnica e fotográfica é um ensaio poético, simples e sereno, que faz jus a importância histórica dos 29 personagens retratados. Uma verdadeira homenagem aos olhos e ouvidos dos paulistanos, sejam eles sambistas ou não.