agosto de 2017

HERDEIRO DA NOITE: EMANOEL ARAÚJO E FRAGMENTOS DA ARTE AFRO-BRASILEIRA NO ACERVO DA PINACOTECA

Nabor Jr.

 

 

 

 

fotos MANDELACREW / Chuck Martin

 

 

 

 

 

 

“Artista! Pode lá isso ser se tu és d’África, tórrida e bárbara, devorada insaciavelmente pelo deserto, tumultuada de matas bravias, arrastada sangrando no lodo das Civilizações despóticas, torvamente amamentada com o leite amargo e venenoso da Angústia!”

Trecho do poema Emparedado, de Cruz e Souza (1861-1898).

 

 

 

Com cerca de 20 minutos de atraso e vestindo um elegante sobretudo cru, bem ornado com generosos botões pretos e geometricamente findando a altura dos joelhos, Emanoel Alves Araújo caminha lentamente por uma das laterais do auditório da Estação Pinacoteca, no bairro da Luz, em São Paulo. À medida que seus passos o conduzem ao fim do corredor, lança um breve olhar em direção ao público de aproximadamente 60 pessoas que, desde as 10h da manhã daquele sábado gelado do mês de abril, o aguardava para a fala de abertura do seminário Territórios: Artistas Afrodescendentes no Acervo da Pinacoteca. Altivo com o seu recorrente chapéu tipo Fedora, de cor preta, Emanoel, antes mesmo de percorrer os últimos metros do chão acarpetado do edifício que um dia sediou o sombrio Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP) é cordialmente recepcionado por Tadeu Chiarelli, ex-diretor do Museu de Arte Contemporânea da USP e que desde 2015 dirige a Pinacoteca do Estado de São Paulo, e conduzido à mesa vazia que o esperava.

 

Aos 76 anos de idade e avesso a encontros do gênero “Eu detesto este tipo de seminário. Não gosto de falar. Tenho certa angústia com essa história de falar. Prefiro escrever, fazer. E também por não ser um historiador, ou um acadêmico, não me sinto muito a vontade. Minha formação é como artista plástico, por tanto, toda intuitiva. Mas a intuição precede a pesquisa, não é mesmo”, declara antecipando sua fala inicial. De temperamento explosivo, o respeitado e competente diretor-fundador do Museu Afro Brasil sabe muito bem a importância da sua presença no encontro que, além de estimular a reflexão sobre as obras e a trajetória dos artistas presentes na mostra Territórios: Artistas Afrodescendentes no Acervo da Pinacoteca, também o homenageia.

 

Nascido na aprazível Santo Amaro da Purificação, localizada a pouco mais de 70 km da capital Salvador, na Bahia, em 1940, Emanoel Alves Araújo, homem, negro, escultor, desenhista, ilustrador, figurinista, gravador, cenógrafo, pintor, curador e gestor público foi, nos mais de 110 anos de existência da Pinacoteca, o mais emblemático diretor da instituição, cargo que exerceu por quase uma década (1992 – 2001).

 

Em 1993, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, instituição que dirigiu entre os anos de  1992-2002.

 

 

 

Figura singular do histórico, mas constantemente invisibilizado, protagonismo negro no campo das artes visuais no Brasil, cujas primeiras figuras de destaque são os artistas barrocos Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho ( – 1814) e Valentim da Fonseca e Silva, o Mestre Valentim (1745 – 1813), Emanoel – nestes quase três séculos da fundamental presença da mão afro-brasileira nas artes plásticas do país, consolidou-se como o seu mais importante representante, como poderemos concluir ao final deste texto. Não apenas por sua contribuição enquanto talentoso artífice, mas também por sua essencial atuação como gestor cultural, promotor de ações de salvaguarda e catalogação de obras de artistas afro-brasileiros, bem como pelas dezenas de publicações críticas que organizou e promoveu. Sua bem sucedida incursão pelo universo editorial, diga-se de passagem, guarda resquícios de um dos primeiros trabalhos que Araújo desempenhou ainda na juventude, em Santo Amaro da Purificação, quando trabalhou com linotipia, composição gráfica e impressão na Imprensa Oficial da cidade.

 

Se ao assumir o cargo de diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo em 1992, Emanoel – que anos antes já havia instalado e dirigido o Museu de Arte da Bahia entre os anos de 1981 e 1983 – tornou-se o primeiro negro a ocupar a função, a aquisição de obras de artistas negros no acervo da instituição, por sua vez, possui uma tímida história precedente, contudo a produção afro-orientada seja grande.

 

Arthur Thimóteo da Costa (1882 – 1922), carioca que estudou na Escola Nacional de Belas Artes e que morreu melancolicamente sem ao menos saber da sua inserção no circuito paulista institucional foi o primeiro artista a ter uma obra no acervo da Pinacoteca. A aquisição aconteceu em 1956 – após 51 anos de atividades da instituição – quando o colecionador Benjamin de Mendonça doou à Pinacoteca um emblemático Autorretrato (1908) do artista. Obra esta, aliás, um dos pontos altos da mostra Territórios.

 

A segunda obra de um artista afro-brasileiro a integrar o acervo da Pinacoteca também foi um trabalho de Arthur Thimóteo da Costa – a pintura Cigana (1910) – doada em 1965 por Julieta Andrada Noronha. As demais aquisições de obras de artistas afro-brasileiros pela instituição – ou melhor, o maior volume de obtenções – voltariam a acontecer com maior vigor somente com a chegada de Emanoel ao topo administrativo do museu, e posteriormente com Tadeu Chiarelli.

 

Entre 1992 e 2001, cerca de 60 obras de artistas afro-brasileiros foram adquiridas em forma de doação ou compradas pelo Governo do Estado de São Paulo. Se pensarmos que todo o acervo da Pinacoteca, que atualmente conta com aproximadamente 9 mil obras, possui apenas 106 trabalhos produzidos por artistas negros, podemos mensurar a importância de Emanoel na construção de um acervo mais democrático, diverso e atento as matizes que formam a nação brasileira.

 

EMANOEL ARAUJO
Um homem e uma mulher
Madeira pintada
1979

Entre os artistas negros que ganharam o acervo da instituição durante sua gestão destacam-se: Edival Ramosa de Andrade (1940 – 2015), Antônio Bandeira (1922 -1967), João Timotheo da Costa (1879 – 1932), Arthur Timotheo da Costa, Antônio Firmino Monteiro (1855 – 1888), Estevão Roberto da Silva (1845 – 1891), Mestre Valentim (1745 – 1813), Benedito José Tobias (1894 – 1963), Maria Lidia Magliani (1946 – 2012), além de trabalhos do próprio Emanoel, que doou a Pinacoteca 24 obras suas entre os anos de 1992 e 1993.

 

Mais do que ampliar o acervo da Pinacoteca com obras de artistas afro-brasileiros, buscando assim equilibrar no seio do mais antigo museu de artes de São Paulo a diversidade étnica brasileira presente nas ruas, Emanoel também contextualizou e estimulou a reflexão sobre essa produção apresentando-a ao público, e dando início a uma série de contribuições que, mais tarde, revelar-se-iam fundamentais não somente para a valorização institucional dos artistas e das artes visuais afro-brasileiras, como também para emprestar sentido e relevância a própria função e razão de existir da Pinacoteca: um museu público cujo papel primeiro é manter-se atento as questões da arte produzida em seu país.

 

 

FRAGMENTOS DO IMAGINÁRIO NEGRO

Adjetivada por seus contemporâneos como inovadora, a gestão de Emanoel Araújo frente à Pinacoteca do Estado de São Paulo precedeu a administração da crítica e historiadora da arte Maria Alice Milliet (1990 – 1992), e foi sucedido pela gestão do advogado e museólogo Marcelo Mattos Araújo, que exerceu a função entre os anos de 2002 e 2012.

 

EMANOEL ARAUJO
Autorretrato
Xilogravura a cores sobre papel
104,5 X 69,4 cm
1966

 

 

 

 

Para o público em geral e para a historiografia das instituições oficiais de arte no Brasil, os principais legados deixados por Emanoel quando este ocupou o cargo de diretor foram: a premiada revitalização do museu e a recuperação do espaço público do seu entorno; o prestígio internacional emprestado a instituição ao abrigar, por exemplo, exposições vindas da Espanha, França, Itália, Holanda, Dinamarca e Portugal, colocando a Pinacoteca no mapa dos grandes museus mundiais; a criação da Associação dos Amigos da Pinacoteca, entidade civil responsável por auxiliar a captação de recursos e a organização de atividades culturais no museu; o incremento de aproximadamente mil novas obras ao acervo da Pinacoteca; o significativo aumento no número de visitantes, saltando de 70 pessoas (em meio á então acanhada sede do museu, ainda no início dos anos 1990) quando da abertura da mostra Vozes da Noite (1992), para vernissages que reuniam, em geral, mais de 5 mil pessoas quando deixou a instituição no início dos anos 2000. O marco definitivo da visibilidade adquirida pelo museu através da sua administração foi a exposição Auguste Rodin: A Porta do Inferno (2001), que levou á Pinacoteca mais de 200 mil visitantes. Em suma, um novo e revigorado espaço público foi entregue a população paulistana e ao país.

 

Já a contribuição que proporcionou para a visibilidade e protagonismo intelectual da produção artística e dos próprios artistas afro-brasileiros dentro da Pinacoteca, bem como seu incansável trabalho para a salvaguarda dessas produções e para o fortalecimento da história da arte brasileira foi inestimável.

 

Ainda nos seus primeiros meses como diretor, Araújo inaugurou, em 26 de novembro de 1992, em curadoria compartilhada com José Roberto Teixeira Leite e Olívio Tavares de Araújo, o seminal conjunto de exposições Vozes da Diáspora, mostra que se estendeu até 20 de janeiro de 1993.

 

Vozes da Diáspora reuniu cinco exposições em uma: Os pintores negros do século XIX, com obras de Emmanuel Zamor (1840 – 1917), Antônio Firmino Monteiro, João Timótheo da Costa, Artur Timótheo da Costa, Antônio Rafael Bandeira (1863 – 1896) e Estevão Roberto da Silva; Altares Emblemáticos de Rubem Valentim, com mais de 50 obras pertencentes à Lucia Valentim (esposa do artista); Brasil África Brasil – 90 anos, com fotografias de Pierre Verger (1902 – 1996) e curadoria de Arlete Soares; Mantra de Oxalá, instalação de Regina Vater (1943); e O Inconsciente Revelado – Esculturas de Agnaldo Manoel dos Santos, com 34 esculturas do artista baiano.

 

“Busquei no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia a Coleção Nina Rodrigues, que era formada por obras que haviam sido jogadas fora ou apreendidas em razão das batidas policiais nos candomblés da Bahia – e que estavam no Museu da Polícia. Eu havia visto essas obras ainda quando era estudante e fui buscar essas peças para a exposição Vozes da Diáspora. Quando cheguei para pegar essas obras o que vi foi um território arrasado, com obras com cupim e bem danificadas. Não houve cuidado e nem restauro do que talvez fosse o mais importante acervo afro-brasileiro do país. Acervo este muito provavelmente mais importante do que o acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, chamado de Coleção Perseverança”, recorda-se durante o seminário.

 

 

EMANOEL ARAUJO
Tribute to Louise Nevelson (Homenagem a Louise Nevelson)
Tinta sobre madeira
1998 – 2015

 

 

 

 

Laureada como a melhor exposição do ano de 1992 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), Vozes da Diáspora foi um marco na história da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e um cartão de visitas de Emanoel a cidade, aos seus moradores e autoridades públicas – revelando um dos seus principais objetivos a frente da Pinacoteca: renovar a instituição em todos os sentidos. Ele ensina: “Aqui estão alguns artistas negros do século 19 como prova de resistência de um tempo nem sempre favorável a ação destes ilustres homens, uma verdadeira herança cultural para o Brasil”, disse Emanoel no catálogo da mostra.

 

Em 1994 – mesmo ano em que recebeu o título de cidadão paulistano do então vereador Marcos Mendonça – Emanoel Araújo voltou a sublinhar a temática da diáspora negra na Pinacoteca ao propor e fazer a curadoria da exposição Herdeiros da Noite: Fragmentos do Imaginário negro – constituída sob o marco histórico dos 300 anos do Quilombo dos Palmares. Com vídeos, música, elementos visuais vindos do folclore e da cultura popular, como ex-votos, patuás, máscaras e bandeiras ritualísticas, mesclando a produção de artistas negros e brancos cuja influência primeira fosse a cultura africana, a mostra reuniu fotografias de Bauer Sá, Madalena Schwartz, Pierre Verger, Pedro Ribeiro e Lamberto Scipione; esculturas de iconografia ioruba de Mestre Didi (1917 – 2013); instrumentos litúrgicos do candomblé de autoria de José Adário dos Santos, além de trabalhos de Manuel Gracindo, Rubem Valentim (1922 – 1991), Nino, Maurício Araújo e da já postulante ao “cargo” de mais bem sucedida artista negra da história do país, Rosana Paulino (1967), com a sua obra Parede da Memória (1994).

 

Herdeiros da Noite, não era uma busca linear, voltada apenas aos artistas plásticos, mas nós pensávamos também nos intelectuais, nos poetas, escritores, que tinham voltado os olhos para uma expressão notadamente afro-brasileira. E essa exposição foi uma procura, através de um texto instigante do poeta Cruz e Souza, a obra Emparedado, onde ele dizia, abrindo o coração e se expressando de uma maneira tão extraordinária – que o africano não poderia ser artista”.

 

Em 1996, Emanoel voltou a flertar com a fotografia documental e sua potencialidade realista, inaugurando no Dia Internacional dos Museus daquele ano a mostra Bahia, África, Bahia. A exposição reuniu 75 trabalhos de Pierre Verger, e outros 40 do fotógrafo franco-brasileiro Marcel Gautherot (1910 – 1996). Verger apresentou sua pesquisa de 17 anos sobre as relações históricas e mitológicas entre as regiões baianas e as do Golfo de Benim, na África, expondo as origens do candomblé e de seus rituais. De Gautherot, foram exibidos trabalhos focados do protagonismo cultural do povo baiano e as suas manifestações populares, como a lavagem da igreja do Bonfim, o carnaval e a extinta puxada do xaréu.

 

EMANOEL ARAUJO
Mulher e o Cavalo I
Xilogravura sobre papel
140 X 100 cm
1969

 

 

 

 

 

Em 1997, Emanoel organizou outras importantes mostras fotográficas na Pinacoteca com foco na produção afro-brasileira e na comunidade negra do país, até então sub-representada pela maioria dos museus públicos: Pixinguinha e Outros Batutas, com fotografias do brasileiro Walter Firmo (1937) e História e Ficção: 100 anos da Guerra dos Canudos, com trabalhos do ilustre cronista baiano Flávio de Barros. Além de outras duas mostras – simultaneamente expostas as dos artistas brasileiros enquanto contraponto estético aos trabalhos nacionais. Uma delas foi a do nigeriano Rotimi Fani-Kayode (1955 – 1989), e a outra do icônico fotógrafo do Mali, Seydou Keita (1921 – 2001), todas elas integrantes das comemorações do 3° Mês Internacional da Fotografia, evento promovido pelo coletivo Nafoto (Núcleo dos Amigos da Fotografia).

 

“Ele (Emanoel) praticamente criou dentro da pinacoteca um núcleo dedicado a arte afrodescendente, colocando o assunto em pauta e trazendo uma série de outras contribuições”, disse Tadeu Chiarelli, na abertura do seminário Territórios.                                                                                                                                                                                                                                                                                 

 

NOVA PINACOTECA

“Quando eu cheguei a Pinacoteca todos os móveis estavam quebrados ou amarrados com arame. O que vi foi um lastimável espaço público de São Paulo. Era uma tragédia. Precisávamos fazer com que a Pinacoteca voltasse a pertencer ao cenário de São Paulo, porque naquela época as pessoas passavam em frente ao prédio da Pinacoteca e se benziam pensando que aquilo fosse uma igreja. E uma das primeiras medidas que tomei foi promover um encontro, uma espécie de seminário reunindo intelectuais como Carlos Lemos, Paulo Almeida Rocha, Ulpiano Bezerra de Menezes, entre outros, para estabelecer um conceito sobre a Pinacoteca. E também para discutirmos tipologicamente a sua nova estrutura”.

 

Muito provavelmente, Emanoel, na fala proferida durante a abertura do seminário, estivesse referindo-se ao 1° Encontro sobre a Arte de Restaurar Bens Culturais, idealizado e viabilizado pelo próprio, e que visava mostrar aos profissionais da área e à opinião pública o estado lamentável da Pinacoteca e, ao mesmo tempo, que ainda havia tempo de salvá-la através de meios técnicos e científicos de conservação e restauração. O encontro foi o embrião do surgimento da Associação Paulista de Conservadores Restauradores de Bens Culturais (APCR), em maio de 1994, no próprio auditório da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

 

A histórica reforma da Pinacoteca aconteceu entre os anos de 1993 e 1998, e o seu projeto arquitetônico – que optou, entre outros, por cobrir os vazios internos do edifício com claraboias de aço e vidro laminado, e interligar os pátios laterais com passarelas metálicas – foi concebido pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha (1928). Pela ousadia, arrojo e funcionalidade do projeto, o arquiteto ganhou em 2001 o prêmio Mies van der Rohe de arquitetura para a América Latina, considerado o nobel da arquitetura.

 

EMANOEL ARAUJO
Gravura I
Xilogravura em cores e relevo sobre papel
105 X 68,5 cm
1970

 

 

 

Antes mesmo da reforma do prédio originalmente projetado por Ramos de Azevedo (1851-1928) e Domiciano Rossi (1865-1920), em 1895, Emanoel tinha consigo a ideia de que o centro de São Paulo merecia mais respeito e atenção, e que não deixaria de ser o cartão postal da cidade. Então decidiu – junto com Paulo Mendes da Rocha – que a entrada da Pinacoteca, anteriormente localizada na avenida Tiradentes, ficaria em frente a Estação da Luz,

 

“Foi importante incluir também o Jardim da Luz à Pinacoteca como forma de eliminar aquelas cenas com pessoas usando drogas, se prostituindo, enfim, de certa maneira ocupar o espaço com as esculturas que lá haviam”. Emanoel refere-se à integração do pátio da Pinacoteca ao Jardim da Luz ocorrida em 1999. Na ocasião, ele reabriu o espaço com a exposição Esculturas Monumentais Europeias, marcando o início de uma maior interação entre o museu e o parque.

 

Entre o início e o fim da reforma, em junho de 1997, para acelerar a conclusão das obras, o prédio da Pinacoteca foi fechado à visitação e a instituição passou a funcionar temporariamente no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega (hoje sede do Museu Afro Brasil), no Parque do Ibirapuera. Neste espaço temporário, outras significativas mostras realizadas, além da já citada História e Ficção: 100 anos da Guerra dos Canudos, Araújo fez também a curadoria da exposição Negro de Corpo e Alma (2000), e promoveu, em curadoria compartilhada com Frederico Pernambuco de Mello a mostra Arte Popular (2000), dois dos 13 módulos da exposição Brasil 500 + Mostra do Redescobrimento.

 

Em 2001, organizou uma retrospectiva de Rubem Valentim com 60 obras do artista, em mostra intitulada O Artista da Luz (2001), com curadoria de Bené Fonteles.

 

EMANOEL ARAUJO
Sem Título
Xilogravura
96 X 66 cm
1966

 

 

 

 

 

Desde 2004 a frente do Museu Afro Brasil – singular instituição paulistana fundada a partir da sua coleção particular e que hoje conta com um acervo composto por mais de 6 mil trabalhos; com cerca de 2 mil obras doadas a instituições culturais brasileiras de variadas regiões do país; protagonista de mais de uma centena de exposições em diversas partes do mundo (seja como artista ou como curador), e com entusiasmo para continuar a sua missão de produzir e promover as artes e a cultura afro-brasileira, a afirmação do inicio do texto elucida-se por si só: Emanoel é o mais importante artista plástico negro do Brasil. E a mostra Territórios uma homenagem a sua basilar contribuição as artes e aos artistas afro-brasileiros, que hoje orgulham-se de suplantar obstáculos com as próprias pernas graças as trilhas abertas pelo suor e sapiência de homens e mulheres como Emanoel, Antônio, Estevão, Leandro, Theófilo, Manoel, Arthur, Yêada, Maria, Rosana…

 

 

 

 

 

 

Nabor Jr.

Nabor Jr. é fundador-diretor da Revista O Menelick 2° Ato. Jornalista com especialização em Jornalismo Cultural e História da Arte, também atua como fotógrafo com o pseudônimo MANDELACREW.

A Revista O Menelick 2º Ato é um projeto editorial de reflexão e valorização da produção cultural e artística da diáspora negra com destaque para o Brasil.