dezembro de 2017
THAYS BERBE # ARTISTA SELECIONADA 1º CONVOCATÓRIA ARTES VISUAIS
Redação
Berbe
Aqui Jaz
Fotografia e manipulação digital
60 X 80 cm
2016
DEPOIMENTO DA ARTISTA SOBRE O TRABALHO
“Boa tarde, O Melelick.
Enviei uma mostra do meu trabalho que está em exposição no Aparelha Luzia.
São autorretratos. Com exceção da foto na linha do Trem que pedi para um amigo bater, pela dificuldade de acesso. Mas tenho dele a autorização para envio.
Escolhi estas três fotos, pois acredito que se relacionam mais propriamente com o tema no sentido simbólicos das mortes, restrições, submissões e as deturpações dos nossos “verdadeiros” lugares sociais. Somos sujeitados a ocupá-los sem que haja uma verdadeira indignação moral. Durante o processo de construção identitária estamos vulneráveis a diversas imposições que nos custam a vida, no sentido subjetivo e literal também.
Troco a agressividade, o horror, pela poesia, sem deixar de lado o funesto cheiro social. Reflito quanto tem de ficção na autoelaboração uma vez que as convenções nos tornam escravos delas. Ha uma pretensa liberdade que nos mantém mais vulneráveis em relação a branquitude. Se diluímos nosso “EU” na normalização do racismo, onde apoiar nossas perspectivas para transcender esta “zona de pertencimento”?
Eu me desconstruo nas fotos, ou me coloco em risco, porque os fatos, como se apresentam, são violentos, já fizeram sua parte.
Neste trabalho, sou uma fotógrafa “adaptada” num busto de manequim. Mutilada, refeita em jazigo de gesso, para o fim, do mercado branco.
Em suma, é preciso ser tanta coisa que só nos é permitido não ser. Por isso essa constante sensação de luta e aniquilamento. O Mito de Ser o que nos é imposto frente ao Mito de Ser branco, de acharem que são melhores, cria o imbróglio homicida que nos sacrifica. Talvez o mito de si seja um dos maiores motivos de não conseguirmos criar de fato a dignidade humana.
Dentro das mais óbvias manifestações de existência, o corpo e a fotografia, compartilho com vocês como a dialética racial me atravessa.
Grata, desde já”.
Thays Berbe